Visita de Carla Maia de Almeida: Destaque Semana da Leitura 24

A visita de Carla Maia de Almeida (CMA), escritora, tradutora e jornalista constituiu o momento alto da edição 2024 da Semana da Leitura no Agrupamento de Escolas António Feijó.

Ao longo de quase uma semana, a autora esteve à conversa com todas as crianças da EPE e alunos do 1.º CEB, tendo percorrido as sete escolas do agrupamento.

Momentos da visita de CMA às diferentes escolas do AEAF

Ainda se recolhiam serpentinas e já os livros de Carla Maia de Almeida começavam a dar que falar, cruzando-se com o tema aglutinador de projetos, Nas Asas da Liberdade. Foram vários os caminhos de leitura seguidos nas diferentes escolas, uma diversidade que pudemos conhecer e apreciar nas belíssimas exposições que ao longo da Semana da Leitura estiveram patentes nos átrios e bibliotecas escolares das escolas de António Feijó, e que espelham a seriedade e robustez do trabalho ao nível da educação literária. 
Momentos da visita de Carla Maia de Almeida às diferentes escolas do AEAF.
Feliz encontro da autora com uma obra da sua infância na BE de Gandra: Palavras em Bicha


Ao longo desta semana, Carla Maia de Almeida foi contando aos seus pequenos leitores as histórias por detrás das histórias, revelando os bastidores dos seus livros. Ficamos a saber, por exemplo, que a obra Onde Moram as Casas nasceu num toalhete de mesa, que o livro Não quero usar óculos previa uma "coleção de óculos" um pouco maior, duas curiosidades que podemos observar na imagem abaixo. Conhecer o processo de escrita e de nascimento de uma obra é uma verdadeira escola: aprendemos, por exemplo, que nem todas as ideias vingam e nem todos os planos se concretizam, o que é normal! Ficamos também a saber que a nossa convidada, para além de escrever histórias (e biografias) também escreve prefácios e traduz obras de outros autores.

Momentos da visita de CMA às diferentes escolas: apresentação dos bastidores de Onde moram as casas e Não quero usar óculos. Livros da autora traduzidos noutras línguas.

As conversas com a autora que veio da terra das fogaças e do Perlim permitiram compor um belo puzzle de saberes no que ao ofício de escritor diz respeito, ofício muito solitário, segundo a nossa convidada. Do nascimento de uma ideia, passando pelo ritual de tomar notas (ficamos a saber que os blocos de notas da autora são os seus lugares secretos), pela escolha do ilustrador, até à por vezes polémica tradução de um título ou à influência da carreira jornalística na escrita, foi muito profícuo o périplo pelas nossas escolas.
 
Alguns trabalhos realizados a partir das obras Onde moram as Casas e Ainda falta Muito?

Mas não foram apenas os pequenos leitores que aprenderam coisas novas. Carla Maia de Almeida também aprendeu, sobretudo com os originais trabalhos nascidos da leitura dos seus livros. Quem diria, por exemplo, que da obra Onde moram as casas nasceriam belíssimos poemas "Sou uma casa", que se escondiam em casas-livro-objeto; ou originais "despensas da censura", onde, no meio das mercearias se escondiam títulos de obras estudadas ao longo dos últimos anos? 


Quem suspeitaria que à boleia de Ainda falta muito? seriam realizados interessantes exercícios de (re)educação do olhar sobre os  percursos e lugares de todos os dias? E que estes olhares se materializariam em originais coleções de óculos: para ver para dentro e para fora; para o passado e para o futuro; e até uma coleção especial 25 de abril, todas inspiradas em Não quero usar óculos?! Quem adivinharia que Do Secador de Livros iriam nascer álbuns de família muito especiais? E que para cada família seria inventada uma máquina à sua medida? (Já agora, e a propósito deste livro, os alunos também ficaram a conhecer o inusitado episódio que aconteceu do outro lado do mundo, no país preferido de CMA).

Exemplos de trabalhos realizados a partir das obras O Secador de Livros e Não quero usar óculos

Na obra de CMA identificam-se duas grandes linhas temáticas, a Família e a Casa, o que não passou despercebido aos seus leitores de António Feijó. Estas questões estiveram na origem de algumas das perguntas que deram corpo às entrevistas realizadas à autora. Por exemplo, a propósito de Amores de Família, geraram-se interessantes diálogos à volta do conceito de "família perfeita". Será que existem famílias perfeitas? Como é a (minha) família ideal? O que torna cada família única e especial? A propósito de Não quero usar óculos, os pequenos leitores ficaram a saber que CMA, com uns óculos especiais gostaria de ver os animais já extintos e fazer reaparecer alguns; também descobriram que a autora, apesar de curiosa, não escolheria viajar para o futuro, pois não gosta de sentir medo, escolheria viajar para o passado, para a Inglaterra dos anos 20. Talvez encontrasse a Virgínia Woolf... afinal a vida de mulheres com impacto na história é também um dos interesses de CMA, como o prova por exemplo a biografia de Ana de Castro Osório, a Mulher que votou na Literatura.
Trabalhos realizados com base nas obras Ainda falta Muito? Onde moram as Casas (e CMA junto à Despensa da Censura) e O Secador de Livros

A facto de a nossa convidada também ser jornalista foi motivo de curiosidade por parte dos nossos alunos. Destacamos, para finalizar, uma das questões daí decorrentes. 
Q: Tendo sido jornalista, recorre à Literatura Infantil para representar a realidade de uma forma mais suave?
R: A realidade, de facto, é dura. A Literatura Infantil é uma forma de reequilibrar o mundo.

Podemos recordar alguns momentos da visita de Carla Maia de Almeida nas RS da Biblioteca António Feijó, Facebook e Instagram.


Sobre a obra de Carla Maia de Almeida, falamos AQUIAQUI, AQUI e AQUI. 



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