Do Grão ao Pão, uma Jornada em busca da Luz
A Jornada do Grão ao Pão, que culminou no dia 2 de fevereiro, data em que comemoramos a Senhora das Candeias, com um conjunto de atividades de caráter festivo, foi, com efeito, um caminho em busca da Luz, que permitiu um interessante cruzamento de áreas do saber, a participação de alunos, professores e famílias, unindo a comunidade educativa na busca e na vivência das nossas raízes.
A Jornada do Grão ao pão foi convertida em ACD, e integrada na Formação Docente em Contexto |
Tudo começou no dia de Reis, com a inauguração do novo espaço dedicado à Biblioteca Escolar, no Jardim de Infância de Ponte de Lima (resultado da candidatura BE_Plan23). Ainda sob o espírito natalício e emoldurados pelo frio do pico do inverno, o momento contou com a dinamização de uma breve sessão de Leitura com laivos de Filosofia para Crianças. "À boleia" de uma lanterna, que equiparamos à estrela que guiou os Reis Magos, a que juntamos a obra Abrigo, de Celine Clair e Qin Leng, introduzimos o tema da LUZ, nas suas distintas interpretações.
Momentos da inauguração do espaço BE no JI de Ponte de Lima: sessão de leitura Abrigo, e pormenor do Cantinho da Filosofia para Crianças |
Processo de elaboração das candeias, pelos alunos do 3º ano da EB de Gandra |
Um dos resultados imediatos desta ação deu-se na EB de Gandra, com uma interessante associação da lanterna de Abrigo às comemorações da Candelária (ou Senhora das Candeias). A turma do 3º ano levou a efeito uma breve pesquisa, que enriqueceu com pequenas entrevistas aos familiares, e o resultado foi a elaboração de uma bela "coleção" de candeias artesanais que espelhavam as descobertas das raízes desta tradição.
Pormenores da exposição de candeias na biblioteca da escola sede. |
Ao longo do mês de janeiro, foram chegando à biblioteca António Feijó diferentes candeias, que nos permitiram montar uma pequena exposição alusiva ao tema, e que serviu de mote para abrir as sessões de Biblioteca à la Carte que integravam o programa de ofertas da semana coincidente com as comemorações da Candelária: Leituras Luminosas.
Momentos de diferentes sessões de Leituras Luminosas, oferta Biblioteca à la Carte, com alunos de 2º CEB |
Partindo, uma vez mais, da representação da Luz, conversamos sobre solstícios, rituais e tradições ancestrais, que nos levaram até à efeméride em causa: a Candelária. Depois, fomos em busca de "outras luzes": tendo por base Os Livros da Lua, uma seleção de obras da literatura infantojuvenil, onde a LUA e o LUAR marcavam presença, as turmas eram convidadas a um jogo de associação de excertos às respetivas capas das obras, uma atividade que permitiu aguçar o olhar sobre títulos, ilustrações de capa e outros peritextos, assim como ler nas entrelinhas das pistas dos excertos (uma boa alavanca para a compreensão na leitura).
Pormenores da exposição de alfaias agrícolas ligadas ao ciclo do pão, na sala de alunos da EB António Feijó |
As comemorações em torno da Senhora das Candeias (tal como da Chandeleur, em França), têm por base a celebração do regresso da luz (dos dias que crescem), e da aproximação de dias menos frios, propícios às sementeiras que se avizinham, desejando-se que se transformem em colheitas abundantes, entre as quais, os diferentes cereais que se transformarão ao PÃO.
A exposição de alfaias agrícolas que esteve patente na sala de alunos pretendia ilustrar, de algum modo, este ciclo: do GRÃO ao PÃO. Contou com a colaboração de alunos, docentes e famílias, que emprestaram alfaias e explicaram a sua funcionalidade (legendada junto de cada objeto), contribuindo, deste modo, para a criação de mais um cantinho para "descobrir as raízes".
A Biblioteca Escolar António Feijó vestiu-se a rigor para a Chandeleur: até a literatura em língua francesa marcou presença! |
Até que chegou o (tão desejado) dia 2 de fevereiro. Foi um dia de festa! Durante a manhã, a biblioteca escolar transformou-se numa doce crêperie, dinamizada por algumas turmas de francês, onde não faltou a confeção e degustação de crepes, abrilhantada por um passatempo que os alunos do 7.º C punham em marcha de cada vez que uma nova turma visitava a "crêperie": uma sopa de letras para encontrar palavras francesas alusivas às comemorações do dia em França: La Chandeleur (a brincar, e como quem não quer a coisa, algum vocabulário foi entrando...).
Diferentes momentos da manhã das comemorações da Chandeleur: confeção, recheio e distribuição de crepes; dinamização do passatempo "à descoberta da Chandeleur, com a língua francesa" |
A tarde foi de árduo trabalho! Sobretudo para a professora Casimira, que confecionou, desde a raiz, uma deliciosa broa. Foi privilégio de algumas turmas do 2.º ciclo, e de vários pais, assistirem a todo o processo e poderem até "dar uma mãozinha": desde misturar os ingredientes (e conhecer os seus nomes), passando pelo amassar, levedar... até meter ao forno, foram várias as aprendizagens e muitos os músculos trabalhados...
A ceia prometia, pois a par do fabrico do pão, preparava-se um caldo verde e um leite creme. Os aromas começavam a espalhar-se pelo recinto...
Diferentes momentos da confeção do pão e do caldo verde. Pormenor da ceia, onde é possível observar o cruzamento das tradições (ceia portuguesa sobre individuais de cenário parisiense:) |
Enquanto o pão cozia, docentes, encarregados de educação e alunos participaram na sessão formativa "Do grão ao pão: descobrindo as raízes e outros segredos da horta". Depois de um original e divertido telejornal da horta, que deu conta das experiências que os alunos foram vivendo com a professora Angelina Veiga, ao longo dos meses anteriores, e de um momento musical bem português, a Eng.ª Clara Pereira partilhou com os presentes um conjunto de saberes, de segredos, de truques e de ideias sobre as Hortas. Formas de cultivar, adubos caseiros, compostos e compostagens, ervas protetoras, produtos biológicos (ou não), foram alguns dos tópicos abordados. Um momento altamente enriquecedor para a comunidade educativa.
Aspetos da sessão formativa "Do grão ao pão: descobrindo as raízes e outros segredos da Horta" com a Eng.ª Clara Pereira. |
Foram, afinal, muitos os grãos que entraram na massa deste pão. Como se de um puzzle se tratasse, no final todas as peças encaixaram, e acreditamos que se tenha (também) feito LUZ!
Comentários
Enviar um comentário