Tempo, Livros e Liberdade desafiam(-se) (n)o clube de leitura

 "Não há ferrolho com que possam prender a liberdade do pensamento"

Foi a Um quarto só seu, de Virgínia Woolf, que fomos buscar o mote de abertura da 2.ª sessão do Clube Leituras ao Desafio. Um ensaio sobre a mulher na ficção (e não só) que continua bem atual, um tema que pretendemos retomar.


Intimamente ligado à LIBERDADE está o medo, um dos seus maiores inimigos. Um tema que vimos tratado em A Escada Vermelha, de Fernando Perez, um momento para reforçar que a (boa) literatura infantil é, na verdade, para todas as idades. 

E por falar em idade... O que distingue a infância e a juventude da vida adulta? Talvez o tamanho dos dias. Ou a medida do Tempo. Questão que ocupou boa parte da sessão e que reuniu várias vozes. 

Com José Tolentino de Mendonça, recentemente distinguido com o Prémio Pessoa (2023), em A Arte da Lentidão, crónica que integra a obra Que coisa são as nuvens, refletimos sobre o tempo veloz, volátil e ruidoso que caracteriza os nossos dias "Já amanhecemos atrasados (...), passamos pelas coisas sem as habitar (...) e a lentidão escolhe mais vezes conviver com a vida silenciosa", crónica que evocou outros autores que também tratam o tema, como Lamberto Maffei (O elogio da Lentidão), Luís Sepúlveda (História do Caracol que descobriu a importância da Lentidão), ou Milan Kundera (A Lentidão). 

O tema também encontrou eco num excerto de A raridade das coisas banais, de Pedro Chagas Freitas. Liberdade, um poema de Fernando Pessoa encaixou no percurso, tal e qual aquele desvio inesperado que nos mostra outras paisagens. Foi, pois, com uma nota de humor que entramos na poesia. A Pessoa seguiu-se Teófilo Carneiro, autor limiano: Espantalho o poema escolhido da sua obra Poemas e outros dispersos., um pretexto para cruzar o Carnaval com a Liberdade. 

Mantendo a poesia como fio condutor, foi ao som da guitarra que entrou Menino do Bairro Negro, de Zeca Afonso, trazendo um novo tom à conversa. Um excerto de ApagaDor, de Jorge Lima (autor da casa) encaixou que nem uma luva nesta sequência, que relação entre a morte e a liberdade? O que distingue a morte boa da morte má? 


A sessão encaminhava-se para o final, mas ainda prometia... "Por que razão estive zangada com o 25 de abril?" dava título a um texto escrito por um dos participantes, uma história de vida que permitiu analisar o presente à luz do passado e olhar o passado à luz do presente.

Encerramos com Irene Vallejo. Da sua obra O infinito num junco, selecionamos uma reflexão sobre o herói da Odisseia, Ulisses, e as suas escolhas, que, afinal, se perpetuam até aos nossos dias... provando que as inquietações do Homem no tempo de Homero não diferem tanto assim das de hoje, questão que lança o mote para a próxima sessão.


Registos desta sessão.

Sobre a 1.ª sessão

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