Tecer histórias Remendar Memórias

Partindo das linhas orientadoras do tema aglutinador de projetos para 2022/2023, (Des)cobrindo as Raízes, do qual emergem essencialmente as questões da Alteridade e da Sustentabilidade, e tendo por base a proposta da ONU, que decretou 2022/2023 como Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável e 2021-2030  Década do Envelhecimento Saudável, Tecer Histórias Remendar Memórias é o tema que vem dando corpo ao projeto de leitura em articulação com a família ao longo de 2022/2023.

Imagem 1:
Pormenores das exposições de trabalhos realizados no âmbito do projeto, nas Bibliotecas Escolares do agrupamento de escolas A. Feijó

Este tema permite trabalhar questões como o conhecimento das origens, pessoais e familiares, e das raízes culturais, numa perspetiva de avivar o sentimento de pertença a uma família e a uma comunidade. Paralelamente, integra questões ligadas às problemática das migrações e do envelhecimento.

Imagem 2:
Pormenores de trabalhos realizados com base em obras que levantam questões sobre a acumulação, o consumo exacerbado, a posse e a ambição desmedida:
 
Abrigo, Céline Claire e Qin Lang (2021); Demasiado, Emily Gravett (2021) e O Destino de Fausto, Oliver Jeffers (2021).

O projeto tem como principal objetivo implementar, diversificar e reforçar práticas de leitura em ambiente familiar, associando os livros a temas emergentes e a projetos em desenvolvimento no agrupamento, através de experiências afetivas envolvendo os livros. Destina-se a todas as famílias da EPE e do 1º. CEB.

Imagem 3:
Trabalhos que tiveram por base obras relacionadas com a problemática das Migrações: Migrantes (2021), de Issa Watanabe, Uma longa Viagem, de Daniel Hernandez Chambers e Federico Delicado (2018)
 e A Viagem de Djuku , de Alain Corbel e Eric Lambé (2003).

No presente ano desafiamos os participantes a recuperar e ressignificar uma peça de vestuário da família. A partir da peça de vestuário, deveria ser ativada uma memória a ela associada, relacionada com algum episódio da vida familiar. Essa memória seria, por sua vez, cruzada com a história a ser lida em família. Partindo deste cruzamento, seria então ressignificada a peça de vestuário escolhida, que poderia ser “decorada” ou transformada noutro objeto (brinquedo de trapo, recipiente, outra peça de tecido / vestuário, etc). 

 
Imagem 4:
Pormenores de trabalhos realizados a partir de obras que abordam questões ligadas à sustentabilidade: Se algum dia vieres à Terra, de Sophie Blackall (2020)
, O Jardim (2021), de Anna Walker e A Pequena Semente, de Eric Carle (2020).

À semelhança do que sempre acontece com propostas desta natureza, e cuja tradição já é longa no nosso agrupamento, os trabalhos realizados espelham a pluralidade de leituras e as múltiplas formas que um texto pode assumir no seio da experiência de cada família.
Atente-se, por exemplo, na inscrição colocada no babygrow na imagem 1, e que resulta da leitura da obra O Relógio da minha Avó, de Geraldine McCaughrean e Stephen Lambert (2005), cuja narrativa começa com a referência a um relógio parado...

Imagem 5:
Pormenores de trabalhos realizados a partir de obras que tematizam a memória dos avós: Um avô inesquecível, de Bette Westera (2005); A Manta ou uma história aos quadradinhos de tecido, de Isabel Minhós Martins e Yara Kono (2010) e Se o Mundo Inteiro fosse feito de memórias, de Joseph Coelho e Alison Colpoys (2021
)


Obras protagonizadas por avós foram, aliás, como podemos ver nas imagens 5, 6 e 7, uma das escolhas mais presentes nos kits de livros compostos para circular pelas famílias no âmbito do projeto, o que se prende com a própria temática da Descoberta das raízes e da comemoração da década do Envelhecimento Saudável.
Na imagem 6, podemos observar três trabalhos alusivos a uma mesma obra: três exemplos de distintas representações da SAUDADE no seio de cada família. 
O mesmo acontece na imagem 7: três olhares sobre a ternura do envelhecimento presente na obra AVÓS. 

Imagem 6
Pormenores de trabalhos realizados a partir da obra O Livro da Avó, de Luís Silva (2018)

Imagem 7
Pormenores de trabalhos realizados a partir da obra Avós, de Chema Heras (2012)


As questões da Alteridade, do olhar sobre o Outro,  encontram-se espelhadas sobretudo nos trabalhos resultantes de leituras voltadas para a problemática das migrações (o desenraizamento e a criação de novas raízes), como podemos ver na imagem 3; da diversidade e encontro de culturas, como podemos ver na imagem 8, mas também nas leituras mais questionadoras, que podemos encontrar, por exemplo, nas imagens 2 e 9.

Imagem 8
Trabalhos realizados a partir da obra Momoko, de Coby Hol.

Imagem 9
Pormenores de trabalhos realizados a partir das obras Cândido e os Outros, de Fran Pintadera (2018; No Ovo, de Emma Lidia Squillari (2021), e Orelhas de Borboleta, de Luisa Agillar e André Neves (2012)


A criança enquanto protagonista de algumas das obras selecionadas ajuda a dar voz às angústias interiores dos mais novos, constituindo excelentes pretextos para boas conversas, com lugar ao questionamento. Podemos encontrar alguns exemplos nos contos de Luísa Ducla Soares: O Primeiro Natal em Portugal e Natal no Hipermercado (imagem 10) que dão corpo ao livro Há sempre uma estrela no Natalem A Gaveta Mágica e Ombela, na mesma imagem; em Orelhas de Borboleta (Imagem 9), em Momoko (imagem 8), ou em O Jardim (imagem 4).

Imagem 10
Pormenores de trabalhos realizados a partir da leitura das obras A Gaveta Mágica, de António Mota e Cátia Vidinhas (2021), Ombela, a origem das Chuvas, de Ondjaki e Rachel Caiano (2017) e Há sempre uma Estrela no Natal, de Luísa Ducla Soares e Fátima Afonso (2009).

Ao longo do ano, e à medida que os livros vão regressando às escolas e os trabalhos vão chegando, estas narrativas têxteis granjeiam um lugar nas escolas António Feijó, ora nas Bibliotecas Escolares, ora nos átrios de entrada, suscitando a curiosidade de quem chega e motivando os seus autores a contarem as suas histórias. 

Imagem 11
Pormenores de exposições de trabalhos, num átrio e numa biblioteca escolar, no agrupamento de escolas António Feijó.

  
Se se encontrarem com uma destas narrativas... é muito provável que estejam a entrar numa biblioteca de António Feijó. Podem puxar-lhe o fio...

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